sábado, 4 de dezembro de 2010

EXPERIÊNCIAS MEDIÚNICAS COM CRIANÇAS E ADOLESCENTES

Qual a melhor idade para trabalhar na mediunidade?
DIVALDO PEREIRA FRANCO
 “Embora a mediunidade se manifeste em qualquer idade,
não é recomendável que na infância se ofereça ensejo 
de uma educação mediúnica. A criança não sabendo logicar, 
raciocinar, não sabendo defender-se, ficará muito exposta 
às influências perturbadoras que derivam do seu passado espiritual. 
Então Allan Kardec utilizou-se de médiuns, em média, com a idade
objetiva, a idade física de 14 anos. Aline Carlotti, a admirável 
filha do senhor Carlotti, que o chamou ao Espiritismo, era uma 
adolescente de 15 anos. A senhorita Japhet, que foi a médium que
lhe falou a respeito da missão que ele deveria executar na Terra,
estava entre 14 e 15 anos. As irmãs Fox, segundo alguns, teriam, 
Catarine e Margarida, respectivamente, 12 e 14 anos e, segundo
outros, 14 e 16 anos. Ele recomenda que a mediunidade passe a ser 
exercida quando na idade dos pródromos da razão. Quando biologicamente 
as glândulas de secreção endócrinas estejam organizadas. Daí, após a 
adolescência, nesse período dos 14 e 15 anos, quando o jovem já possui 
discernimento, ele poderá participar de experiências mediúnicas. Médiuns 
revelaram-se aos 80 anos. Mas são casos excepcionais. Enfim, o momento 
hábil para a educação da mediunidade naqueles que sentem, em qualquer 
grau, a presença dos espíritos, é a porta dos 14, 15, 16 anos...”
(Divaldo Pereira Franco, seminário "Segurança Mediúnica")



Em todas as épocas sempre surgiram crianças e adolescentes  superdotados, portadores de dons e talentos fora do comum, inexplicáveis e às vezes espantosos.
       Ninguém ignora as ocorrências clássicas nesse sentido.
       É sabido que Mozart compôs uma ópera aos 8 anos, depois de ter executado ao piano uma sonata aos 4.
       Pascoal não tinha mais que uma dúzia de anos quando descobriu a geometria plana.
       Willy Ferreros com 5 anos dirigiu competentemente a orquestra do Folies-Bergère em Paris.
       E o escocês Jacques Chrichton aos 15 anos discutia sobre qualquer questão em latim, grego, hebreu e árabe.
       Incontáveis outros casos de crianças prodígio e adolescentes geniais como estes poderiam ser mencionados.
       Por que, então, só o dom ou talento da mediunidade, que é tão espontâneo quanto outras aptidões naturais do ser humano, deixariam de brotar e florescer em tenra ou pouca idade?
       A lógica da nossa doutrina diz que quanto mais o corpo de matéria densa, logo após a reencarnação, desenvolve-se neste mundo, obedecendo às leis da vida, mais vai fixando nele o Espírito, e assim dificultando-lhe contatos com o Além. Tecnicamente, pois, é forçoso admitirmos que as crianças e os adolescentes possuem, mais que os adultos, a capacidade de receber e transmitir a ação dos seres espirituais. São, portando, os maiores médiuns, mas geralmente nos recusamos a vê-los nesta condição.
       Isto constitui grave erro.
       Primeiro porque nos impede de ajudá-los a resolver seus problemas paranormais, segundo porque nos priva de aproveitar seus valiosos dotes na prática do Espiritismo, em casos sem contra-indicação.
       Dou a lume o presente livro, prezado leitor, para informar-lhe sobre a tarefa que venho realizando nesse duplo sentido, e rogo que me leia liberto da idéias radicais em torno do assunto. Se você julga que não mereço isso, o que é um direito seu, responda esta pergunta:
-       O que estamos fazendo, na atualidade do movimento espírita brasileiro, para ajudar e aproveitar, de forma realista, as crianças e os adolescentes médiuns?
Que elas e eles existem em profusão não temos como negar, pois os encontramos até no seio da nossa família.
Voltamos a indagar: o que estamos fazendo, concreta e objetivamente, como espírita, para atendê-los em suas necessidades e potencialidades?
       Quase nada, sem sombra de qualquer dúvida.
       Em nossas escolinhas de moral cristã, onde somos muito aplicados em transmitir os preciosos ensinamentos evangélicos, nunca falamos de mediunidade para as crianças e os adolescentes como deveríamos. E proibimos a sua presença em nossas sessões desobsessivas e de cura, promovidas cada vez menos para dar lugar a cursos sofisticados e palestras de oradores gongóricos.
        A mediunidade para nós está virando tabu, coisa perigosa e descartável. Por incrível que pareça, os pastores protestantes e os clérigos católicos carismáticos assumem presentemente mais os fenômenos mediúnicos do que os líderes espíritas, representando isso uma vantagem para eles e uma vergonha para nós.
       Sob a sugestão de uma copiosa literatura psicográfica aparecida nos derradeiros tempos proclamamos que “ a época do fenômeno já passou”, um enorme disparate, posto que o fenômeno mediúnico é lei natural e a lei d natureza não cai em exercício findo...
       Achamos que “ não se deve desenvolver a mediunidade e sim educá-la”, outra grande tolice, porquanto há um Capítulo inteiro em O LIVRO DOS MÉDIUNS, o XVII, tratando DA FORMAÇÃO DE MÉDIUNS, que começa com este título: Desenvolvimento da mediunidade. O desenvolvimento da mediunidade é útil e necessário, embora a sua educação seja mais importante. São duas coisas distintas, que podem, e devem, ser feitas em conjunto, integralmente. Consulte-se os dicionários: desenvolver significa fazer crescer, educar é aprimorar. Ninguém educará satisfatoriamente a sua mediunidade se não a desenvolver. Conseqüentemente, o preceito “ não se deve desenvolver a mediunidade e sim educá-la” não passa de um refinado sofisma, infelizmente saído de uma pena respeitável em nosso movimento ideológico, de vocação mística.
       Enfim, estamos fechando os olhos para a inevitável influência dos espíritos em nossas vidas, quando a doutrina nos altera para o fato de que eles se movimentam, como uma ‘ população invisível”, em derredor de nós ( O LIVRO DOS MÉDIUNS, Capítulo I, último parágrafo do item 56).
       No que toca de maneira particular às crianças e aos adolescentes, somos de um extremismo demagógico e irracional.
       Ora, toda regra tem exceção.
       É claro que não podemos franquear as sessões mediúnicas para seres imaturos, incapazes de compreender as responsabilidades implícitas no intercâmbio espiritual consciente.
       Todavia, será que não defrontamos vez por outras crianças e adolescentes merecedores de um tratamento diferenciado?
       Será que não existem alguma criança e alguns adolescentes necessitados de ingresso em sessões espíritas experimentais para receberem socorro de emergência?
       Será que não existem crianças e adolescentes dotados de estrutura psicológica e mediúnica capaz de lhes dar condição de bom desempenho em tarefas desobsessivas e de cura?
       Eu digo que sim.
        E digo não só com a experiência pessoal de longos anos de trabalho nesse campo, mas sobretudo com o conhecimento doutrinário adquirido na obra de Allan kardec ( e não evientemente  em brochuras de médiuns brasileiros famosos, que fazem sucesso de público porque, arrimados no roustainguismo de fundo católico, pregam um Espiritismo sem Espírito).
       É engraçado como os defensores do Espiritismo sem Espírito se escudam na 6ª pergunta e resposta do item 221 do Capítulo XVIII de O LIVRO DOS MÉDIUNS, jogando na lata de lixo a 7ª que lhe é subseqüente e complementar. Eis o inteiro teor de ambas, indissociáveis:
       “ 6ª Haverá inconveniente em desenvolver-se a mediunidade nas crianças ?
       “ Certamente e sustento mesmo que é muito perigoso, pois que esses organismos débeis e delicados sofreriam por essa forma grandes abalos, e as respectivas imaginações excessiva sobreexcitação. Assim, os pais prudentes devem afastá-las dessas idéias, ou, quando nada, não lhes falar do assunto, senão do ponto de vista das conseqüências morais”.
      
       “ 7ª Há, no entanto, crianças que são médiuns naturalmente, quer de efeitos físicos, quer de escrita e de visões. Apresenta isto o mesmo inconveniente?
       “ Não; quando muna criança a faculdade se mostra espontânea, é que está na sua natureza e que a sua constituição se presta a isso. O mesmo não acontece, quando é provocada e sobreexcitada. Nota que a criança, que tem visões, geralmente não se impressiona com estas, que lhe parecem coisa naturalíssima, a que dá muito pouca atenção e quase sempre esquece. Mais tarde, o fato lhe volta à memória e ela o explica facilmente, se conhece o Espiritismo”.
      
       Eis aí.
      
A pergunta seguinte, 8ª indagando “ Em que idade pode a criança ocupar-se de mediunidade”, tem resposta com estas duas frases iniciais:
“ Não há idade precisa, tudo depende inteiramente do desenvolvimento físico e, ainda mais, do desenvolvimento moral. Há crianças de doze anos a quem tal coisa afetará menos do que a algumas pessoas já feitas”.


Como se nota pelo exposto, não cometemos nenhum deslize doutrinário em
ter algumas crianças e adolescentes excepcionais participando de nossas sessões desobsessivas e de cura regulares. Eu as tenho, com excelentes resultados para elas e para a causa espírita. Provarei isto neste volume.
       No mais, caro leitor, lembro-o de que Allan Kardec se valeu da mediunidade das senhoritas Baudim e Japhet na fase de composição da doutrina. Recordo-o de que ele declara possuir a médium Ernance Dufaux 14 anos ao escrever o romance HISTÓRIA DE JOANA D’ARC DITADA POR ELA MESMA ( Revista Espírita, edição de janeiro de 1858). E finalmente chamo a atenção para um detalhe – lendo os livros de Arthur Conan Doyle e Roberto Amadou citados precedentemente constata-se que:
a)    graças a uma menina chamada Florrie, de apenas 10 anos, importantes manifestações Espíritas foram documentadas pelo dr. William Barret;
b)   Os primeiros fenômenos mediúnicos produzidos através de Eusápia Palladino foram verificados quando ela tinha 15 anos;
c)   Florence Cook começou a sua atividade de médium de efeitos físicos em 1871, aos 15 anos, e somente depois, em 1874, submeteu-se a experiências com William Crooks, fornecendo-lhe proas que glorificam o passado do Espiritismo;
d)   Martha Béraud contava 16 anos quando Richet testou a sua mediunidade;
e)    Daniel Dunglas Home, com 13 anos, já era acionado pelos Espíritos;
f)    Finalmente aos 14 anos Angélique Cottin viu o desabrochar da sua mediunidade.
Assim como Jesus confundiu os doutores da lei antiga quando tinha 12 anos, segundo os relatos evangélicos, numerosas crianças e incontáveis adolescentes estão confundindo os doutores de Espiritismo em terras brasileiras. Despertar para a realidade é a melhor coisa que eles poderão fazer, deixando de prestigiar a produção psicográfica de médiuns místicos em detrimento da obra de Allan Kardec.

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